Os Absolvidos - Contos Velhos de Um país Velho
Sinopse
O poema - nada de especial - estava escrito a tinta azul e marcou-me: cheirava a álcool e escorria de uma esferográfica banal. Tão simples, tão plástica, tão industrial. É engraçado como, às vezes, penso se os fabricantes destas canetas pensam no que elas podem fazer.
Uma esferográfica é o poder! Nas mãos certas pode fazer maravilhas, nas mãos erradas pode matar, pode assinar tratados, leis, abaixo-assinar, promulgar misérias e dores.
Quando acabei de escrever essa singela poesia, no fundo quando acabei de escrever essa morte que teimo em passar para o papel, decidi então abrir um buraquinho no topo dessa colina e enterrar o manuscrito.
Os anos passaram, eu fui embora e nunca mais pensei na coisa... Certa vez voltei ao meu Alentejo e encontrei no cimo da colina, bem no lugar onde eu tinha enterrado o meu pequeno poema, uma árvore nascida.
Excerto de "O Poeta e a Árvore"